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sábado, 1 de fevereiro de 2014

Lendas, folclores e histórias de “trancoso”


Nossa cultura é muito rica em demasiadas histórias, das mais diversas as mais absurdas. As regiões brasileiras contam com imenso acervo de lendas, costumes, causos, folclores, histórias populares, de trancoso (ou troncoso) etc. Os nossos avós e pais cresceram ouvindo esses mitos, repassando para a gente como forma de nos intimidar e colocar regras, principalmente nos mais traquinas.
Eis alguns mitos que circulam o imaginário popular ainda nos dias de hoje:
A rasga-mortalha
É uma coruja branca de grande porte, que tem como hábito sair à noite para a caçada. Seu canto é horripilante, pois lembra um pano sendo rasgado de um lado a outro. As rasga-mortalhas geralmente habitam as torres das igrejas e catedrais. Nas lendas e histórias populares ela é vista como uma ave de mau agouro, pois em várias regiões do país, principalmente no Nordeste, diz que, se a rasga-mortalha cantar sobre o telhado de uma residência, alguém da família ou próximo vai falecer. Essa tese é reforçada ainda quando ela voa circulando a casa e pousa em cima do teto.
A caipora
É a versão feminina do curupira, entidade que cuida das matas e florestas. A caipora surge toda vez que tem um caçador ou alguém perdido na mata, sumindo com seus apetrechos e animais já caçados. Dizem que ela adora fumo e que se a pessoa não deixar fumo para ela, a mesma não permite que esta saia ilesa da mata, dando surras de cipó ou fazendo com que ela ande em círculos e acabe se perdendo na floresta.
A menina-serpente
A lenda nos conta que foi uma menina que desobedeceu a mãe que a repreendeu, e quando esta lhe virou as costas, a menina mostrou a língua e o dedo. Por causa deste gesto, a menina foi amaldiçoada, adoecendo em seguida, acabou morrendo e seu corpo se transformou em uma serpente. O túmulo onde ela foi enterrada foi cercado de fortes correntes. Dizem que, uma vez por ano, os padres vão até seu túmulo para benzê-lo, pois se a mesma quebrar as correntes e escapar será o fim do mundo. Esta é uma versão local do sertão paraibano, mas existem várias outras versões espalhadas pelo Brasil sobre a lenda da menina-serpente.
O papa-figo
O papa-figo (apelido provindo de “papa fígado”) é um velho de aparência horrível e de orelhas muito grandes, que atrai crianças com doces e presentes, as captura, as mata e depois devora seu fígado para satisfazer-lhe e aliviar seu sofrimento (em alguns lugares comer o fígado das crianças para fazer as orelhas diminuírem). Ele está sempre vagando por aí e nunca se sabe aonde ele vai aparecer. Os pais usam este artifício para repreender os filhos desobedientes ou que saem de casa sem pedir permissão.
A galega do banheiro
Também conhecida como “galega do aparelho” ou “loira do banheiro”, essa lenda urbana relata a trágica história de uma garota que queria ir ao banheiro, só que a professora não deixava, e a mesma saiu escondida, só que a porta do banheiro acabou emperrando e ela ficou presa, como era véspera de férias escolares, ela acabou morrendo trancada no banheiro. Depois disto, o seu fantasma sempre aparece com algodão no nariz sujo de sangue para assustar aqueles que saem para usar o banheiro sem permissão. O contexto da lenda pode mudar de acordo com a região.
Furna da onça
É uma caverna que fica no morro chamado Cristo Rei, em Cajazeiras (PB). Existem várias “furnas da onça” com histórias parecidas espalhadas pelas regiões brasileiras, onde em tempos atrás vivia uma onça, que usava a caverna como abrigo e esconderijo. Essa onça atacava e devorava as pessoas desavisadas que rondavam o morro. Certa vez, um grupo de moradores se reuniu para caçar o animal, conseguindo abatê-lo. Até hoje, a furna da onça é local de visitação das pessoas que sobem o morro do Cristo Rei.
Baixio do Padre (“a tocha”)
É o nome de um sítio na região de Sousa na Paraíba, que recebeu esse nome após o assassinato brutal de um padre naquela região, em meados do século XIX, por causa de motivos político-religiosos. Desde então, o lugar ficou mal-assombrado e pessoas relatam que, quando estão a caçar na região ou simplesmente andando pela mata, ao sentarem para descansar embaixo de uma árvore e adormecerem, quando acordam, defrontam-se com o caixão do padre ao seu lado, o que é motivo de intenso susto e desabalada carreira. Outra aparição é a da “tocha”, uma bola de fogo que aparece no meio do mato, subindo e descendo, afugentando as pessoas que passam pelo local. Dizem que é o espírito do padre em forma de bola de fogo que vagueia em busca de descanso e justiça.
Estas são algumas lendas que circulam as rodas de conversas Brasil afora. A lista é mais extensa, cada lenda com sua especificidade local.
Álisson Oliveira
ahalisson@gmail.com
Escrito em 23 de maio de 2013

125 anos da assinatura da Lei Áurea: fim do açoite e começo da exploração


Há 125 anos atrás a princesa Isabel de Bragança dava a famosa “canetada” na Lei Áurea, aquela que pôs fim a escravidão em solo brasileiro.
A economia agrária do Brasil à época era toda dependente dessa mão de obra, e muitos foram os intelectuais que exigiam e pressionavam a Coroa Brasileira à libertar todos os escravos e acabar com esse regime definitivamente no país.
Por outro lado, os escravocratas eram totalmente contrários ao fim desse regime, e também pressionavam a monarquia a continuar com a escravidão servil.
Não demorou e o império acabou cedendo para um dos lados, neste caso, o dos que eram a favor da libertação dos escravos.
O que parecia ser uma nobre atitude social e uma maneira plausível e saudável de liberdade, acabou se configurando nada mais, nada menos em um evento executado apenas pela pressão internacional, principalmente pelos países industrializados como Inglaterra, França e Estados Unidos, que queriam trabalhadores para a linha capitalista de produção, nova ordem econômica mundial, e a escravidão era algo que atrapalhava os planos das grandes empresas e indústrias insurgentes após a Revolução Industrial.
O trabalho de historiadores ao longo do tempo, em sua maior parte, cuida justamente em desmistificar a figura da abolição da escravatura como advento piedoso da monarquia nacional em libertar seus escravos do julgo do senhor escravocrata.
Certo que, muitos escravos ao receberem suas cartas de alforria, não tinham para onde ir, nem tampouco eram absorvidos pela linha de trabalho assalariado que o capitalismo industrial oferecia, até porque se tratando de Brasil, o país continuava agrário, fazendo com que muitos continuassem sendo trabalhadores dos senhores de engenho e fazendeiros, ou então representando um risco social devido muitos vagarem “vagabundando” pelo país. Outro fator que contribuiu para o “desastre alforriador” foi o preconceito racial, impregnado antes, durante e após essa página de nossa história.
Nos dias atuais, os açoites e castigos impostos aos que transgredissem a lei escravocrata à época, foram transformados em humilhações e explorações, já que, muitas são as pessoas que são submetidas ao trabalho escravo, no seu molde moderno.
Ainda é uma grande luta para a sociedade contemporânea brasileira enfrentar e acabar com esse tipo de exploração, um ato desumano e fora de cogitação, seja ele em qualquer esfera política, social e econômica em que se encontra uma nação.
Alisson Olveira
ahalisson@gmail.com

Escrito em 13 de maio de 2013

Remexendo as Marinheiras


Li, confesso, solitário, em uma mesa de bar, entre um gole e outro de uma gelada cerveja, o livro “Lá nas Marinheiras e Outras Crônicas”, de autoria do “mão cheia” Bruno Paulino. Li, confesso, repito, entusiasmado, remexendo em suas crônicas e tendo o amplo sabor de deleitar-me sobre tão bela escrita.
Através das “crônicas quixeramobianas” “conheci” seu avô e sua semelhança com o eterno Patativa; “andei” sobre a ponte metálica; “proseei” com Dona Carminha, um poço de sabedoria, até de disco voador eu “voei”. Eu também, nunca matei passarinho, sempre péssimo na pontaria; “senti” o calor de rachar o coco das bandas de Quixeramobim, também aproveitei para “nadar” na cheia do bom inverno de 1974, além de descobrir que também sou mestre-cuca em cozinhar miojo, e também de ser um chato, assim, mais chato que qualquer chato.
Os grilos também, às vezes, não me deixam dormir. Ficam esfregando seus “violinos” emitindo o som da sua mais fina sinfonia; tem vez que eu mato, outras nem ligo. Meu quarto é uma bagunça organizada, na minha casa não tem pé de cajá, nem de juazeiro, mas tem de goiaba, que dá sombra o ano inteiro.
E assim fui lendo, entre um copo e outro de cerveja, percorrendo os saudosos casarões e o antigo prédio da farmácia. Que tragédia! Foi demolido. Mas a vida é assim mesmo, nem todos têm o mesmo pensamento, nem têm o mesmo bom coração.
Fui lendo, rindo, divagando, com vontade de comer miojo, embora já enjoei o sabor, com anseio de poder pescar no inverno, de dar saltos mortais na barragem. Enfim, uma crônica bem dita, bem divertida, bem diversificada. Isso é uma obra prima, um trabalho promissor. O autor merece o melhor reconhecimento da platéia, que, atônita, espera poder mais uma vez, conhecer Quixeramobim, seus personagens e histórias através do “mão cheia”, Bruno Paulino.
Álisson Oliveira
ahalisson@gmail.com

Escrito em 26 de abril de 2013

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Dormir or not dormir


Existe uma fase na vida da gente que dormir passa a ser praticamente uma missão impossível. Pelo menos nos horários normais que os especialistas dizem, respeitando as oito horas recomendadas.
Não se aflijam, isso não é uma coisa do outro mundo, nem estamos nessa draga sozinhos. Tem muita, mas muita gente que passa por isso, principalmente os estudantes e pós-estudantes do ensino superior. Não estou escrevendo nenhuma bobagem, absurdo ou assunto cabeludo, isso é quase uma regra.
É fácil verificar quando estamos com os sintomas da “falta/troca de sono”, basta observar quando participamos de um evento, por exemplo, ou uma palestra com aqueles oradores intermináveis e enfadonhos, a sinfonia de bocejos é escancarada sem o menor pudor, boca abre, boca fecha, as pestanas começam a pesar uma tonelada, e, quando não suportamos mais, levantamos a bunda da cadeira em direção a rede ou cama mais próxima. Mas, como num passe de mágica, é só deitar que o cérebro começa a pregar peças na gente, e aquele sono agudo desaparece mais rápido que gordura em fundo de tacho quente.
Equivoca-se que para por aí. A pessoa mais parece um cãozinho adestrado na cama, pois ela deita, rola, levanta, senta, fala/reclama e finge que morreu, mas o danado do sono não vem. E não adianta chá de folha de laranja, de boldo e o principal, suco de maracujá, pois quando o cérebro não quer acordo com o mundo dos sonhos, não tem jeito.
Aí, inexplicavelmente, quando o dia amanhece, parece que somos impregnados pelo espírito da preguiça, principalmente na segunda-feira, quando a rotina trabalhista e estudantil toma conta dos nossos corpos, cansados e enfadados. Pobres e inocentes mortais. Você não se concentra, você não relaxa, tudo que você vê na frente tem formato de travesseiro, cama ou rede. Aí, é só chegar o intervalo do almoço ou o fim do expediente que o monstrinho do “não vou te deixar dormir” aparece.
Paciência, uma hora esse tipo de mal acometido vai passar… ou piorar.

Álisson Oliveira
ahalisson@gmail.com
Escrito em 21 de abril de 2013

O Inimaginável


Tudo dentro da rotina de uma casa com seus vinte e poucos anos de construída. Algumas rachaduras nas paredes, alguns caibros e ripas desgastados com o último ataque de um cupinzeiro, algumas telhas reviradas ou quebradas graças aos “amassos” noturnos dos felinos, alguns vazamentos na pia da cozinha, entupimento em alguns canos do esgoto, algumas taiocas aqui e ali querendo o açúcar da casa e as velhas manchas no piso devido às inúmeras lavadas sofridas pelo mesmo. Até aí, tudo dentro da normalidade. Nada que pudesse tirar o sossego de uma humilde residência. Até que, em um certo dia, o inimaginável aconteceu. Do nada, como se tivessem caído de paraquedas, igualmente soldados em campana durante a II Guerra Mundial, eis que surgem elas, as temerosas, arteiras, incansáveis e macabras saúvas, ou como conhecemos aqui em nossa região, as famosas “formiga de roça”.
No seu paladar normal, as “formiga de roça” normalmente são vistas em suas intocáveis cavernas subterrâneas, onde um cume gigantesco de grãos de areia ou barro são amontoados como um verdadeiro forte, no formato da boca de um majestoso vulcão, que rapidamente se multiplicam, mais parecendo que a cadeia de montanhas do Himalaia se transformou em centenas de núcleos vulcânicos. Essas pragas portadoras de uma cabeça em forma de coração com um alicate serrilhado na frente da boca, capaz de cortar até mesmo o mais duro material que se possa encontrar são teimosas ao extremo e se danam a multiplicar sem aviso prévio. Coitada da roseira de estimação de minha mãe. Em um único ataque noturno as saúvas devoraram todas as folhas e os botões de rosa da planta. Elas são ligeiras e dividem o trabalho taticamente, enquanto umas sobem no caule, se espalham pelos galhos e usam suas “tesouras trinchantes” para cortar as folhas em pedaços, já tem um verdadeiro exército de carregadores lá embaixo, esperando a chuva de folha picada começar para carregarem até o labirinto-formigueiro. Mãe entrou em desespero, temendo o fim de sua planta predileta. Danou-se a jogar “baygon” no caminho das formigas, que acuadas, resolveram fazer uma retirada estratégica momentânea.
Engana-se quem pensa que as “formiga de roça” desistem fácil. Mãe estava toda orgulhosa, achando que tinha acabado com o “exército vermelho” das saúvas por ter descoberto o foco a tempo. Três belos dias depois, o inimaginável aconteceu de novo. Como que por vingança, as “formiga de roça” montaram acampamento adivinha onde? Isso mesmo, nas paredes e pisos da casa. Não havia uma rachadura ou buraco que não tivesse na sua frente o seu montinho de grãos de areia, numa demonstração descarada das formigas de que elas estavam ali, eram muitas e não iam desistir fácil. Que foi que mãe fez? Recorreu ao “baygon”, desta feita comprou seis frascos aerossol de diferentes marcas e começou a atacar as tropas inimigas formigais.
Após o ataque, vários “soldados sauvenses” jaziam abatidos ou se contorcendo com o odor do veneno que se apoderava da sua armadura espinhenta. O passo a seguir foi varrer os grãos de areia e recolher juntamente os corpos das formigas falecidas, que pela raiva que causaram, não iam ganhar uma sepultura digna, sendo disponibilizadas no lixo doméstico.
Certo que desta vez as formigas demoraram cerca de duas semanas para darem as caras, o que nos fez pensar que elas tivessem levantado acampamento e tivessem ido infernizar algum outro vizinho. Que nada, depois de quatorze dias o inimaginável aconteceu novamente. Elas voltaram firmes, fortes e vigorosas, e, além dos tais buracos e rachaduras mencionadas elas resolveram aparecer em um lugar inimaginável: o ralo do banheiro. Isso mesmo, o tal ralo, que todo santo dia passa água por ele e que tem um emaranhado de cabelos enganchados como no banheiro da casa de qualquer um. Agachei-me para observar se aquelas danadas estavam usando algum tipo de roupa de mergulho com um cilindro de oxigênio. Não era possível um formigueiro brotar naquela “cachoeira artificial”.
Pois bem, lançado o terceiro desafio, deste vez sem a presença de mãe que viajara para São Paulo, coube a mim dar fim ao “reduto formigal”, e para tal feito, resolvi mudar a tática e apelar para um veneno em forma de chocolate granulado. Os “especialistas” dizem que é o mais eficaz, pois as saúvas levam o veneno até sua rainha, e que está ao ingeri-lo, acaba morrendo, e, com a morte do “general”, põe-se fim aos meros soldados. É tentar para ver se vai surtir o efeito. Se nada disso funcionar já tenho o plano B, que seria contratar um dedetizador. Se até o dedetizador não der jeito, vou apelar, e usarei algumas bananas de dinamite para implodir a casa.
Seria essa a lógica dos EUA em dominar as bombas atômicas? Ou eu ganho essa parada, ou ninguém fica com nada.
Álisson Oliveira
ahalisson@gmail.com
Escrito em 15 de abril de 2013