Nossa cultura é muito rica em demasiadas histórias, das mais diversas as mais absurdas. As regiões brasileiras contam com imenso acervo de lendas, costumes, causos, folclores, histórias populares, de trancoso (ou troncoso) etc. Os nossos avós e pais cresceram ouvindo esses mitos, repassando para a gente como forma de nos intimidar e colocar regras, principalmente nos mais traquinas.
Eis alguns mitos que circulam o imaginário popular ainda nos dias de hoje:
A rasga-mortalha
É uma coruja branca de grande porte, que tem como hábito sair à noite para a caçada. Seu canto é horripilante, pois lembra um pano sendo rasgado de um lado a outro. As rasga-mortalhas geralmente habitam as torres das igrejas e catedrais. Nas lendas e histórias populares ela é vista como uma ave de mau agouro, pois em várias regiões do país, principalmente no Nordeste, diz que, se a rasga-mortalha cantar sobre o telhado de uma residência, alguém da família ou próximo vai falecer. Essa tese é reforçada ainda quando ela voa circulando a casa e pousa em cima do teto.
A caipora
É a versão feminina do curupira, entidade que cuida das matas e florestas. A caipora surge toda vez que tem um caçador ou alguém perdido na mata, sumindo com seus apetrechos e animais já caçados. Dizem que ela adora fumo e que se a pessoa não deixar fumo para ela, a mesma não permite que esta saia ilesa da mata, dando surras de cipó ou fazendo com que ela ande em círculos e acabe se perdendo na floresta.
A menina-serpente
A lenda nos conta que foi uma menina que desobedeceu a mãe que a repreendeu, e quando esta lhe virou as costas, a menina mostrou a língua e o dedo. Por causa deste gesto, a menina foi amaldiçoada, adoecendo em seguida, acabou morrendo e seu corpo se transformou em uma serpente. O túmulo onde ela foi enterrada foi cercado de fortes correntes. Dizem que, uma vez por ano, os padres vão até seu túmulo para benzê-lo, pois se a mesma quebrar as correntes e escapar será o fim do mundo. Esta é uma versão local do sertão paraibano, mas existem várias outras versões espalhadas pelo Brasil sobre a lenda da menina-serpente.
O papa-figo
O papa-figo (apelido provindo de “papa fígado”) é um velho de aparência horrível e de orelhas muito grandes, que atrai crianças com doces e presentes, as captura, as mata e depois devora seu fígado para satisfazer-lhe e aliviar seu sofrimento (em alguns lugares comer o fígado das crianças para fazer as orelhas diminuírem). Ele está sempre vagando por aí e nunca se sabe aonde ele vai aparecer. Os pais usam este artifício para repreender os filhos desobedientes ou que saem de casa sem pedir permissão.
A galega do banheiro
Também conhecida como “galega do aparelho” ou “loira do banheiro”, essa lenda urbana relata a trágica história de uma garota que queria ir ao banheiro, só que a professora não deixava, e a mesma saiu escondida, só que a porta do banheiro acabou emperrando e ela ficou presa, como era véspera de férias escolares, ela acabou morrendo trancada no banheiro. Depois disto, o seu fantasma sempre aparece com algodão no nariz sujo de sangue para assustar aqueles que saem para usar o banheiro sem permissão. O contexto da lenda pode mudar de acordo com a região.
Furna da onça
É uma caverna que fica no morro chamado Cristo Rei, em Cajazeiras (PB). Existem várias “furnas da onça” com histórias parecidas espalhadas pelas regiões brasileiras, onde em tempos atrás vivia uma onça, que usava a caverna como abrigo e esconderijo. Essa onça atacava e devorava as pessoas desavisadas que rondavam o morro. Certa vez, um grupo de moradores se reuniu para caçar o animal, conseguindo abatê-lo. Até hoje, a furna da onça é local de visitação das pessoas que sobem o morro do Cristo Rei.
Baixio do Padre (“a tocha”)
É o nome de um sítio na região de Sousa na Paraíba, que recebeu esse nome após o assassinato brutal de um padre naquela região, em meados do século XIX, por causa de motivos político-religiosos. Desde então, o lugar ficou mal-assombrado e pessoas relatam que, quando estão a caçar na região ou simplesmente andando pela mata, ao sentarem para descansar embaixo de uma árvore e adormecerem, quando acordam, defrontam-se com o caixão do padre ao seu lado, o que é motivo de intenso susto e desabalada carreira. Outra aparição é a da “tocha”, uma bola de fogo que aparece no meio do mato, subindo e descendo, afugentando as pessoas que passam pelo local. Dizem que é o espírito do padre em forma de bola de fogo que vagueia em busca de descanso e justiça.
Estas são algumas lendas que circulam as rodas de conversas Brasil afora. A lista é mais extensa, cada lenda com sua especificidade local.
Álisson Oliveira
ahalisson@gmail.com
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Escrito em 23 de maio de 2013
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