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segunda-feira, 13 de agosto de 2012



FOGUEIRAS DE SÃO JOÃO: ROMPENDO UMA TRADIÇÃO SECULAR


FOGUEIRAS DE SÃO PEDRO: APAGUEM ESSA IDEIA



Estamos vivendo um pós-período em que o Brasil sediou um dos maiores (pelo menos deveria ser) eventos sobre assuntos ambientais do planeta: A RIO + 20. Nome escolhido em alusão ao aniversário de vinte anos da ECO 92. Nesse encontro mundial, vários pseudolíderes políticos e representantes de governo es
tiveram reunidos no Rio de Janeiro para debaterem o futuro ambiental e o desenvolvimento sustentável do planeta em que vivemos. 



Mas, caro leitor, você deve estar se perguntando o que o fragmente textual acima tem haver com o título desse artigo? Pois bem, explicarei no discorrer desse texto.



Eu venho de uma tradicional família rural do sertão paraibano, e cresci em um berço altamente católico e tradicionalista por parte de minha mãe, já que meu pai, assim como eu atualmente, não levo o quesito religiosidade muito em prática, apesar de o meu pai ser um colaborador fiel com as tradições juninas do Nordeste brasileiro, nunca permitindo em hipótese alguma que um só ano não fizéssemos uma fogueira nas noites do dia 23 e 28 de junho, que antecedem o dia de São João e o de São Pedro, defronte nossa residência. Ah! Cresci assando milho e batata na fogueira, soltando traque, chuvinha e mijão, excluindo apenas a possibilidade de soltar bombas, pois eu sempre fui frustrado com as notícias de que fulano ou cicrano houvera perdido os dedos ou a mão decorrente da explosão das bombas “cabeça de fósforo” ou “de cordão”. E digo mais, acordava muito cedo para perambular pelas ruas com o dia clareando para remexer nos restos de fogueiras e procurar a sua volta traques, rojões, chuvinhas e bombas (no caso destas últimas não para soltá-las, pois já citei que morria de medo de algo dar errado e eu fosse amputado sem precisão, e sim fazer o que chamamos de “bufa de véi”). Andava quase todo o bairro a procura de fogueiras que resistiram a noite toda e que queimavam ainda, sempre olhando em volta para achar “sobras juninas”. Se eu encontrava muita coisa? Claro que sim, até dinheiro eu encontrava. Nada me tirava da cabeça a ideia de que um dia essas tradições seculares se acabassem. Isso quando molecote, entre os dez/quatorze anos de idade.



Já avançando na linha do tempo, chegando à idade em que o coração começa a latejar pelas meninas bonitas do quarteirão e das festas, as festividades juninas já me ganham um contorno diferente: é hora de ficar cheiroso, arrumado e começar a tomar uns “engasga gato” para dar coragem para chamar a donzela para “firular” pelo salão. Mas na minha ideologia, a ideia de acender as fogueiras continua. Não se pode haver festa junina sem o queimar da madeira, pelo menos é/era assim que eu pensava.



Como o mundo gira, dá voltas e as ideologias mudam. Uma hora você acorda com isso, outra hora com aquilo. No meu caso, fui percebendo quão mal faz para a saúde e para o meio ambiente a queima da lenha na confecção das fogueiras juninas. O que eu antes julgava como uma tradição gostosa, prazerosa e inocente, agora vejo que não tem sentido nenhum. Depois de acompanhar a RIO + 20 pelo noticiário e ver o fiasco e a não preocupação das nossas autoridades mundiais com o futuro da Terra, me vejo na obrigação de abrir mão de séculos de tradição, e não mais queimar fogueiras, em hipótese alguma. Fazendo isto, rompo com uma tradição familiar que nem sei por qual dos meus parentes há séculos e séculos começou. Desculpem-me aqueles mais tradicionais que comungam dessa prática, alguns até podem estar achando que é exagero de minha parte, que acender fogueiras apenas em comemoração aos santos juninos é inocente e que traz algum benefício. Não pratico mais isso. Já fui um desmatador e fiz muitos pés de Jurema e moitas de Mufumbo sucumbirem pelos golpes da roçadeira e do facão do meu pai. Fiz muitas árvores inocentes chorarem e clamarem pela vida, apenas pelo prazer de manter o tradicionalismo familiar. Agora eu mudei de lado. Prefiro plantar do que desmatar.



Sim, nobre amigo, esse texto tem dois títulos. Escolha um, ambos ou nenhum. Justifique seus meios. 



Não! Não estou louco! Estou com minhas faculdades mentais em dia. Estou pelo menos fazendo o mínimo do mínimo para aplacar a ira vindoura da natureza. Como um dos representantes da RIO + 20 disse: “a natureza não negocia com os homens”. Faço delas as minhas palavras.



Tenho certeza que “São João” e “São Pedro” hão de concordar comigo.

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