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segunda-feira, 23 de maio de 2011

DOIS MUNDOS DIFERENTES EM UM MESMO ESPAÇO

Eis que Mariana acordou exatamente às 05:00 horas da manhã (algo que não é comum nas suas manhãs). despiu suas roupas de dormir, tomou um banho e adentrou nas suas vestes costumeiras: sandálias baixas, saia longa, blusa de alça. Lá se foi tomar o café da manhã, comendo com a pressa de sempre, saindo em seguida para o ponto de ônibus. O encontro com a turma é inevitável, já que estudam na mesma universidade. Dentro do ônibus sempre tem aquelas conversas, "quem ficou com quem na festa", "as provas sempre difíceis", "aquela balada que a turma programou para o fim de semana", etc. Já são quase 10:00 horas, e ela estava concentrada numa avaliação que iria valer um terço da média bimestral.
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Enquanto isso, um cidadão alheio a essa história estava enfrentando uma enorme fila em um dos mais conceituados bancos da cidade.
- E essa fila que não anda - comentou ele. Seu nome é João Luis, tem 48 anos e trabalha no comércio no setor de compras e vendas de utilidades, é casado e pai de duas filhas.
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O que ele tem em comum com Mariana? Absolutamente nada, pois sequer se conhecem. Voltando para a sala de aula, Mariana já terminou de responder o teste e agora se prepara para ir para casa, passar algum tempo da tarde lendo alguns livros de escritores consagrados que agrada seu estilo de moça livre e desimpedida, e também ouvir boas músicas de grandes artistas brasileiros. O telefone toca. São os amigos de Mariana convidando ela para dar um passeio pelas ruas do centro. Logo ela larga o que estava fazendo e se deixa dominar por um relaxante banho debaixo de uma ducha macia. De cabelos molhados e perfume no corpo, ela vai ao encontro da turma, sempre estilosa e com seu mp3 recheado de belas canções.

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Já são 16:00 horas e João Luis está finalmente de frente a uma simpática caixa de banco. Suas contas serão debitadas e ele poderá voltar pra casa para rever sua família. Mariana está tomando um sorvete e lendo algumas linhas de uns versos de Vinícius de Moraes (o poetinha). Os amigos alheios ao que se passava pela cabeça dela, ficavam naquela de jogar pedrinhas uns nos outros e falar das superproduções que iriam estrear nos cinemas. Mariana parece que fica em outra dimensão quando está lendo seus livros favoritos.
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Alguém toca no braço dela e lembra que já está ficando tarde e já é hora de ir embora. Caminhando e conversando pelo calçadão da orla marítima, eles seguem até chegarem em outro ponto de ônibus. A linha 407 que liga o centro até os bairros mais afastados acaba de chegar. Eles entram e procuram logo um lugar vazio. Mariana prefere sentar-se no final do ônibus, e para surpresa, ao lado dela está sentado o João Luis, aquele do banco, mais um figurante nesse mundo de encontro e desencontros, que não teve um dia tão divertido como o dela, estava mais ocupado com os afazeres do cotidiano. Como em lotação raramente alguém puxa assunto - talvez por timidez ou para não parecer ser chato ou inconveniente - não tiveram chance de se conhecerem. Dois mundos diferentes, agora dividindo por um pouco de tempo um mesmo lugar. Essa história pode não ter sido real, mas ela retrata o universo de encontros e desencontros das incontáveis pessoas mundanas, alheias em suas ocupações e na velocidade do dia-a-dia.
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Orzabal Duran

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