Cajazeiras não dispõe de muitos lugares para diversão da juventude local. Não temos mais nossas salas de cinema, não dispomos de centros culturais ativos em tempo integral, sentimos falta de museus, de clubes sociais mais amplos e de uma maior participação do nosso único teatro, o Íracles Pires. Bem, restaram apenas os bares, cada um mais frequentado ou mais estiloso do que o outro. Temos bares dos mais variados tipos, desde os mais recentes e requintados, como a Art’Chopperia, o Restaurante Rodoviário, a Palhoça do Serafim (também conhecida como “Torres Gêmeas” devido as caixas d’água gigantescas acima da Palhoça), e muitos outros, até os mais modestos e tradicionais como o Bar de Toinho Bibiano, o Bar do Delço (ou Delso), o Genésio Bar, etc.
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Dentro desses bares eu destaco quatro, os quais eu tive a oportunidade de frequentar. Seriam eles sequencialmente: o Bar do Hercílio (ou Hercílio Bar), o Loucura Lanches, que ficou mais famoso pelo apelido de “Bar do Nô”, o Musicurbana e o Refazenda.
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Falando do Bar do Hercílio, tradicional restaurante e bar da cidade, posso destacá-lo por seu funcionamento excelente, pela ótima comida oferecida e pelo ambiente. Foi o primeiro bar que eu frequentei na década de 1990. O Bar do Hercílio era um restaurante diurno e um bar noturno, com bastante movimento em qualquer dos dois horários. O prato mais famoso de lá era a tradicional galinha de capoeira com cuscuz. O Bar do Hercílio funcionou em dois ambientes, sendo o primeiro em frente ao Cemitério Coração de Maria, no centro da cidade, mudando-se depois para a Rua Epifanio Sobreira, onde viria depois fechar as suas portas definitivamente devido a um trágico acidente em que vitimou a sua filha, seu genro e seus dois netos, além de uma amiga da família que viajava na ocasião da tragédia. Não sei onde Hercílio vive atualmente, nem se ele ainda é vivo, o que posso relatar é que Cajazeiras perdeu um dos melhores lugares para fazer uma bela refeição e que servia como ponto de encontro da sociedade central e do comércio da cidade.
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A Lanchonete Loucura Lanches, que passou a figurar como “Bar do Nô”, funcionou na Travessa Joaquim Costa, por trás da agência do Bradesco. Teve sua inauguração no mês de janeiro do ano 2000 e eu fui o primeiro garçom daquele estabelecimento, onde trabalhei de janeiro até dezembro do ano 2000. O Bar do Nô era bastante conhecido e frequentado, principalmente pelo público alternativo da cidade, que encontrava lá uma espécie de refúgio dos outros locais, considerados clichês. A ideia inicial de Nô era colocar uma lanchonete, mas o que lhe deu mesmo suporte foi o bar noturno, pois a Travessa Joaquim Costa ostentava um ar de tranquilidade e quietude. Nô manteve seu bar até o final de 2006, quando decidiu partir de volta para sua cidade natal, o município de Sousa. Logo em seguida, no ano de 2007, eu loquei o Box ao lado e inaugurava no dia 06 de julho de 2007 o Bar “Cultura no Beco”, que daria continuidade ao público alternativo e acadêmico da nossa região. Fiquei a frente dele apenas por um mês, quando resolvi vender minha parte ao meu sócio Raimundo, que manteve o “Cultura no Beco” aberto por pelo menos um ano e meio, até seu encerramento. Figuras ilustres e consideradas por mim importantes puderam frequentar por algum tempo as instalações do “Cultura no Beco”, ressalto aqui a visita do nosso saudoso Paccelli Gurgel, professor de História da UFCG e líder da Banda Arlequim Rock’n Roll Band, que prometera fazer um show gratuito para a galera roqueira da cidade na primeira oportunidade que tivesse. Muitas outras figuras pintaram naquele pedacinho de cultura, cheio de histórias para contar.
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Outro bar que eu tive a oportunidade de conhecer foi o Musicurbana, que ficava na Rua Victor Jurema, ao lado da Câmara Municipal e em frente ao Colégio Nossa Senhora de Lourdes. Esse bar foi concebido por Fabiano, integrante de bandas de rock local e famoso incentivador cultural da cidade. O Musicurbana funcionava dentro de um terreno cercado por um alto muro, contando com um Box para atendimento, dois sanitários, um feminino e um masculino e o ponto culminante era a distribuição das mesas, que ficavam a céu aberto. Tinha uma pequena coberta que servia para as apresentações das bandas, em sua maioria de rock progressivo, mas nunca deixando de faltar as bandas de rock que tocavam músicas regionais, como Cabeça Chata de Bom Jesus e Insanidade de Sousa. O funcionamento da Musicurbana foi breve, mas o suficiente para deixar aquele gostinho de nostalgia nos seus fiéis freqüentadores.
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O Refazenda era um bar de estilo regional, e sua fama maior se dava porque além de funcionar em uma casa com um grande quintal, sempre aos fins de semana tinha forró universitário e o pé de serra, ressaltando a presença sempre da Banda Cuscuz com Ovo, que tocava o verdadeiro xote. Todas as turmas da universidade e do CEFET (na época) frequentavam o Refazenda. Era legal ver as quadrilhas improvisadas pela classe acadêmica, motivo de grande euforia e que dava todo o charme ao local. Dessas aventuranças, surgiam vários casais ou ficantes, onde eu tive a oportunidade de conhecer e de “ficar” com algumas garotas. O Refazenda também nos deixou órfãos. O que podemos apenas fazer é lembrar os momentos de alegria que tivemos nesses lugares. Hoje o principal ponto de encontro da sociedade cajazeirense é a Art’Chopperia, sob a direção de Gilson, que juntou todas as características dos anteriores em um só lugar. Espero que esse, pelo menos, dure bastante tempo, e que a gente sempre possa contar com lugares assim para cultuarmos e celebrarmos uma melhor participação social.
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Orzabal Duran
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